quarta-feira, 30 de julho de 2008

DA AMARGURA I

estás aqui outra vez. procuras em vão por quem não volta. deixou tudo pra trás, sem um adeus, um abraço, um olhar. tens fotos, muitas fotos; e nelas há traços, vê? o rosto, as mãos, os cabelos abaixo dos ombros. aquela tarde, pouco antes do céu estrelar, só nós dois dentro do mundo, pequenino mundo feito de nós. tens vídeos, uma dúzia deles; e lá estão as vozes, os gestos, tantos sorrisos, sorrisos que deveriam estar aqui. e não estão. por isso tanto amarguras? mas não é tolice crer num amor infindo?amor infindo... quem aposta numa felicidade que se sustenta, perde. perde, eu disse. quem apostaria no amor?amor, eu disse. quem vai apostar? por isso, abre a gaveta da escrivaninha e pega o caderno. escreve. finge. e descrê. porque a crença emburrece. e é tempo de sangrar.