[madrugada] calculo as horas e mesmo assim o tempo esquece seu único fim – deixar-nos passar. estanco a pele aflorada. cuidadosamente, cicatrizo a lucidez. meu sofrer é uma recusa irreparável.
a permanência da solidão. no fim, eis o que resta. amor? é desespero. felicidade? passa, sempre passa. mas a dor, a dor é mais profunda e sabe como enraizar os dedos em nossos ossos. mais profundo que a dor, o silêncio. faz-nos surdos, cicatrizes somos. o adeus, é do silêncio promessa atirada ao ar. e só. a permanência da solidão. enfim, eis o que me resta.